Dos 88 dias que já se passaram de 2015, o Gol ficou nada menos que 54 diárias “encostado” em oficinas para receber upgrades. E a última sequência de modificações — uma delas, por sinal, é irreversível pelo ponto de vista prático — realizada na Fukuda Motor Center mudou completamente a personalidade do Volkswagen (mais uma vez). Retirei o hatch da empresa no dia 27/03 e, novamente, o resultado excedeu muito às minhas expectativas.
Para quem pegou o bonde andando, internei o Gol na Fukuda Motor Center no dia 10/03 para uma série de modificações ser realizada: solicitei a troca do painel de instrumentos, a instalação do volante Sparco com cubo rápido, bem como a substituição dos bancos originais pelos modelos “concha” EVO III (também da Sparco). E é lógico que, interessado pelo assunto que sou, não deixaria apenas o meu carro sendo montado por lá sem acompanhar de perto: não apenas fui visitar e trocar ideia algumas vezes sobre o andamento do processo, como passei uma tarde inteira na oficina para retirar toda a manta acústica que restava no interior do Gol e pintá-lo de preto fosco. Com tinta de spray mesmo, na raça.
Estou extremamente satisfeito com o novo interior do Golzinho — e olha que não sou das pessoas mais ligadas em estética. A pintura preta (que ainda precisa ser finalizada) tirou a sensação de “sujeira” que era gerada pela por partes de metal que não estavam completamente pintadas. O novo painel de instrumentos (que, além do conta-giros, também marca a temperatura do motor) não passa mais a sensação de simplicidade extrema do anterior. E os novos bancos e volante são bonitos em um nível que não dá pra explicar.
Apesar de todas as melhorias, não é possível fugir do fato que estou ralando para aprimorar o máximo possível um Gol GIII 2004, que, ainda por cima, tem painel da geração anterior. Mas eu acredito que “capricho” não significa ter as melhores coisas. Capricho, para mim, é tratar com o máximo de esmero possível tudo que a gente pode ter. E esse carrinho vai ser tratado com tudo de bom que eu posso oferecer. Mas não vai fugir da “malhação” na pista.
Sobre segurança
Apesar da estética agradável, todas as novas modificações do Gol foram feitas para que eu possa me divertir e aprender na pista com boa dose de segurança. E só conseguimos entender a diferença que um banco concha bem instalado e posicionado faz na hora de dirigir, no momento em que sentamos em um veículo equipado com essei tem. Não por menos, fui incisivo quando conversei com o Fábio Fukuda: “por favor, nessa instalação, tente chegar o mais próximo possível da posição de dirigir de um carro de corrida”. Não por menos, uma das primeiras decisões foi arrancar os trilhos dos bancos originais, de modo a permitir com que a instalação dos conchas ficasse consideravelmente mais baixo.
Sentado no banco, cuja instalação o deixou fixo (utilizamos as bases de banco de corrida), tenho quase um palmo de espaço livre entre minha desengonçada jaca e o teto do Golzinho — o que me garantirá muito mais segurança no caso de um capotamento dentro de um autódromo. E olha que minha estatura é mediana: tenho 1,79 m.
Uma coisa é fato: eu ainda prefiro bancos concha cujo desenho é semelhante aos componentes instalados no Gol GLR do Tiago Kfouri — cuja proteção lateral para as pernas é muito mais extensa, na região das coxas. Não fico, nem de perto, tão “imerso” dentro do assento no caso desses Sparco. Mas, por outro lado — olhando pelo lado do “copo de água meio cheio” —, além de manter o corpo muito bem posicionado, a lateral consideravelmente mais baixa do banco Evo III facilita muito o acesso ao Golzinho. Essa caraterística ficou marcante.
Pequeno capricho: suporte do do extintor de incêndio posicionado onde ficava o banco traseiro =)
Experiência de dirigir
Nesse primeiro momento, dirigir o Golzinho agora está sendo uma tarefa curiosa. Eu já havia andado em alguns carros com bancos concha, mas nunca tive a experiência de passar dos bancos originais (PÉSSIMOS, no caso do Gol) para os conchas. A diferença é tão grande, que todos os pontos de referência mudaram para mim. À frente, por exemplo, não enxergo mais nada além do limpador de para-brisas. Precisei realinhar os espelhos retrovisores, especialmente o interno, que, na posição anterior, só me permitia ver o teto. E como estou um mais baixo, “imerso” dentro do carro, tenho a sensação, na hora de manobrar, de que o hatch está mais largo e comprido, alterando seriamente as minhas noções de espaço.
Pensamento das curvas: “ai cacilda, será que eu vou acertar a guia?”
Uma característica que nota-se imediatamente ao assumir o assento do motorista, é que o banco não está alinhado em frente ao volante como gostaria. O pessoal da Fukuda Motor Center fez o que pôde para aproximar o banco do motorista do túnel central (melhorando tal alinhamento), mas o próprio banco da Sparco apresentou uma característica que impediu essa melhor composição: com as bases instaladas, perceberam que a sua largura frontal é maior que a traseira. Ou seja, ao invés das bases ficarem paralelas, elas se afunilam como se fossem se encontrar para formar um “V”. Isso impediu com que o assento fosse melhor posicionado. Mas não é algo que estraga a experiência na hora de conduzir. 
De qualquer forma, acredito que ficar desnorteado com a nova posição seja temporário, especialmente porque passei apenas 60 km ao volante desse novo setup. Gostaria de participar de algumas provas de pro solo para eu poder redefinir as noções de espaço no meu brinquedo. Essa melhoria na percepção, por outro lado, vem com quilometragem rodada. Não tem muito o que dramatizar. Verdade seja dita, o Golzinho está animal.
